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ENTREVISTA

Três anos depois, Broadway ainda sofre efeitos da pandemia de Covid-19

Em entrevista exclusiva à Tangerina, diretor da Broadway Inbound aponta como hábitos dos turistas mudaram a meca do teatro mundial

Luciano Guaraldo

Em 12 de março de 2020, todos os 41 teatros da Broadway fecharam suas portas por causa da pandemia de Covid-19. A pausa, inicialmente prevista para durar um mês, acabou se estendendo até setembro de 2021. E os efeitos de tanto tempo sem teatro são sentidos até hoje –ao contrário de outras indústrias do entretenimento, como o cinema e a TV, que já voltaram para sua rotina pré-coronavírus.

“Uma das maiores mudanças está no padrão de consumo dos turistas. As pessoas estão comprando ingressos mais perto de suas viagens, e vendo menos espetáculos também”, conta Bob Hoffman, vice-presidente da Broadway Inbound, empresa que negocia ingressos para o teatro com agências de turismo e grupos grandes. “E os espetáculos maiores também estão sendo mais procurados do que os menos conhecidos, o que aponta para uma aversão ao risco.”

A opinião de Hoffman é confirmada por números: na semana de 27 de março a 2 de abril, o clássico O Fantasma da Ópera (que encerrará uma estadia de 35 anos na Broadway no próximo dia 16) liderou a arrecadação com US$ 3,2 milhões (R$ 16,1 milhões), seguido por outros veteranos como O Rei Leão (US$ 2,2 milhões), Wicked (US$ 2 milhões) e Hamilton (US$ 1,9 milhão). Todos os quatro venderam mais de 98% dos ingressos disponíveis.

Do outro lado da faturamento estão montagens bem menos divulgadas, como a peça Leopoldstadt (US$ 494 mil, 57% dos ingressos) ou o musical A Beautiful Noise (US$ 884 mil, 71% dos ingressos). A baixa procura do público enterrou produções como o musical KPOP, que fechou suas portas após 17 performances, ou A Strange Loop, que ficou menos de nove meses em cartaz apesar de ter levado o Tony 2022 de melhor musical.

“Eu espero que mais pessoas passem a buscar esses espetáculos menores, ou menos conhecidos, porque são experiências que deveriam ser vividas. Temos casos como & Juliet, um musical que não é tão falado, ou Some Like It Hot (baseado no filme Quanto Mais Quente Melhor), que proporcionam ótimo entretenimento. Acho que turistas internacionais realmente gostariam de vê-los”, diz Hoffman na conversa exclusiva com a Tangerina.

O diretor da Broadway Inbound aponta que os brasileiros sempre foram um público importante para a meca do teatro. “Acho que vocês compartilham uma alegria de viver. E os turistas que vêm do Brasil têm um apreço pelo entretenimento, sabem que faz parte da cultura nova-iorquina assistir a um espetáculo de teatro e querem fazer parte disso também.”

“Temos casos de pessoas que nem falam inglês, mas gostam do espetáculo. É a mesma coisa quando eu vou para a ópera. Eu não falo italiano, não entendo a língua, mas compreendo o sentimento, sabe? Eu sinto aquelas emoções que os atores estão transmitindo, consigo apreciar o visual, e tudo meio que se une para fazer aquilo funcionar. Isso torna a Broadway atraente para todo mundo”, diz o executivo.

Hoffman reconhece que a pandemia também afetou os preços de viajar para Nova York –e não só o dos ingressos. “Passagens aéreas estão mais caras, hotéis estão mais caros, até a comida custa mais. Eu espero que os preços comecem a baixar em breve, porque isso vai ter um impacto direto no turismo. Mas eu sei que para os brasileiros há uma boa notícia, porque os impostos internacionais estão sendo reduzidos [a proposta do governo é zerar o IOF até 2029], acho que isso pode inspirar vocês a viajarem mais”, torce.

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QUEM FEZ

Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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