FILMES E SÉRIES

Família real na 5ª temporada de The Crown

Divulgação/Netflix

CRÍTICA

The Crown deixa drama histórico e vira Casos de Família em 5º ano

Quinta temporada da série estreia nesta quarta-feira (9) na Netflix com um elenco renovado, mas sem equilíbrio entre novelão e aula de história

André Zuliani

Um dos principais pilares da Netflix, The Crown cativou milhões de fãs ao retratar de maneira ficcional a história da rainha Elizabeth 2ª (1926-2022) enquanto soberana do Reino Unido desde a sua ascensão ao trono. Ao longo dos anos, a série criada por Peter Morgan soube equilibrar registros históricos com dramalhões dignos de novela, em uma fórmula que hipnotizou assinantes em todo o mundo.

Em sua quinta temporada, que estreia na plataforma nesta quarta-feira (9), The Crown deixa este equilíbrio para priorizar um dos lados de sua força. Com fatos históricos em segundo plano, Morgan e sua equipe de roteiristas se aproveitaram dos escândalos envolvendo a corte britânica nos anos 1990 para transformar a série em uma edição calorosa do Casos de Família, programa sensacionalista que agita as tarde do SBT há 18 anos.

O principal motivo de o novo ano priorizar os escândalos da família real é a guerra que se formou com o iminente divórcio entre a princesa Diana (1961-1997) e o príncipe (e atual rei) Charles, vividos nesta temporada respectivamente por Elizabeth Debicki e Dominic West. Se o relacionamento dos dois parecia um vulcão prestes a acordar na quarta temporada, é nesta leva que ele entra em erupção.

Além das polêmicas envolvendo o casal do momento, os anos 1990 também foram palco para outros divórcios dentro da família real. As separações da princesa Anne (Claudia Harrison) e do príncipe Andrew (James Murray) colocaram o “sistema” liderado pela rainha Elizabeth 2ª (Imelda Staunton) no olho do furacão, com a monarca e seus asseclas precisando apagar incêndios com uma ingrata frequência.

Dominic West e Elizabeth Debicki

Charles (Dominic West) e Diana (Elizabeth Debicki) na quinta temporada

Divulgação/Netflix

A nova temporada começa em 1991, em um período no qual os cidadãos do Reino Unido passaram a questionar a importância –e a existência– da monarquia. Gastos excessivos com a família real e críticas ao posicionamento ganharam força na imprensa, enquanto Charles passou a vislumbrar uma oportunidade de ascender ao trono e liderar o povo sob uma perspectiva bem mais progressista e diferente da imposta por sua mãe.

Os conflitos dentro do Palácio de Buckingham e a ambição de Charles respingaram em John Mayor (Jonny Lee Miller), primeiro ministro que assumiu o maior posto na Casa dos Comuns após a renúncia de Margaret Thatcher (Gillian Anderson). Além de ter que lidar com uma grave crise financeira que se arrastava pelo planeta, o chefão ainda precisou lidar com as crises familiares da rainha.

Morgan novamente envolve os personagens em todos os tipos de situações ao longo dos 10 episódios, incluindo a improvável amizade que se desenvolve entre o príncipe Philip (Jonathan Pryce, com grande destaque nesta temporada) e Penny Knatchbull (Natascha McElhone), a esposa muito mais jovem de seu afilhado, que começa quando ele procura consolá-la pela trágica morte de sua filha. A nova companhia do marido causa uma crise para Elizabeth, que vê com maus olhos a aproximação entre os dois.

Quem fica escanteada nesta temporada é Margaret (Lesley Manville), cuja ousadia e sede de viver a tornaram um dos destaques nos anos anteriores. Apesar de ter um episódio para chamar de seu –um dos melhores da atual leva–, a irmã de Elizabeth parece mera sombra da jovem enérgica que um dia foi.

Imelda Staunton

Imelda Staunton como Elizabeth 2ª

Divulgação/Netflix

Menos história, mais drama

Por mais que a quinta temporada de The Crown tenha abandonado o equilíbrio entre drama histórico e novelão, a nova leva de episódios não deixa de destacar grandes momentos dos anos 1990. Eventos como a tentativa de aproximação de Dodi e Mohamed al-Fayed (Khalid Abdalla e Salim Daw, respectivamente) da rainha e a descoberta dos restos mortais dos Romanov, última família czarista russa, ajudam a resgatar alguns dos melhores momentos da série.

A grande estrela da vez, no entanto, é Diana. Se Emma Corrin roubou a cena no quarto ano, Elizabeth Debicki mantém o nível de sua antecessora e desponta como a melhor adição da quinta temporada. Ela é responsável por reviver sequências marcantes da ex-mulher de Charles, como o famigerado divórcio, a aparição com o icônico “vestido da vingança” e a polêmica entrevista à rede BBC que abalou as estruturas do palácio real.

No caso de Charles, a impressão é a de que Morgan pegou mais leve com o atual monarca do Reino Unido nos novos episódios. Se a versão de Josh O’Connor o mostrou como um marido tóxico e mimado, a encarnação vivida por West dá ênfase a um lado mais político e progressista do então príncipe, que vislumbrava a sua chance de se tornar rei mesmo antes da morte da mãe.

Embora não demonstre o mesmo brilho de temporadas anteriores, The Crown mantém a força e a sedução que fazem com que o espectador fique viciado nos dramas da família real britânica. Com o fim marcado para o sexto ano e momentos mais atuais previstos para serem retratados, o drama da Netflix tem tudo para encerrar a sua jornada com nota alta e marcar para sempre a história do serviço de streaming.

Cartaz da 5ª temporada de The Crown

The Crown - 5ª temporada

Drama
16

Direção

Vários

Produção

Netflix

Onde assistir

Netflix

Elenco

Imelda Staunton
Jonathan Pryce
Elizabeth Debicki
Dominic West
Lesley Manville
Claudia Harrison
Jonny Lee Miller
James Murray
Informar Erro
Falar com a equipe
QUEM FEZ

André Zuliani

Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.

Ver mais conteúdos de André Zuliani

0 comentário

Tangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.

Acesse sua conta para comentar

Ainda não tem uma conta?