FILMES E SÉRIES

Elle Fanning e Cara Buono em The Girl From Plainville

Divulgação/Hulu

THE GIRL FROM PLAINVILLE

‘Viúva negra’ da vida real ganha humanidade em nova série de TV

Elle Fanning é a estrela de The Girl From Plainville, série baseada em fatos reais sobre uma jovem que incentivou o namorado a tirar a própria vida

Luciano Guaraldo

Em 2014, a morte de Conrad “Coco” Roy chocou os Estados Unidos. O jovem de 18 anos, que lutava contra a depressão, tirou a própria vida após ser incentivado pela então namorada, Michelle Carter, de 17. Oito anos depois, a história chega à televisão com a série The Girl From Plainville. Para os produtores, era fundamental que a atração revelasse o lado humano e os problemas psicológicos da garota, pintada como uma “viúva negra” pela mídia norte-americana.

“Ela foi apresentada como a ‘viúva negra’, como alguém que queria forçar esse jovem a se matar para conseguir alguma coisa, popularidade, uma fantasia estranha, o que fosse. Apresentaram várias provas do momento que Conrad atravessava em sua vida, mas ninguém investigou a saúde mental de Michelle”, conta Patrick Macmanus, que criou The Girl from Plainville com Liz Hannah, em entrevista exclusiva à Tangerina.

“Liz e eu sentimos que a mídia não mergulhou o suficiente em quem era essa garota. Ela tinha os mesmos problemas mentais dele, e isso nós sabemos porque lemos as milhares de mensagens que eles trocaram, não apenas na última semana da vida de Conrad, mas nos anos que a precederam. Nós ficamos lendo todas essas mensagens até a última semana de gravação, porque elas eram nosso guia de como contaríamos essa história.”

Para viver Michelle Carter em The Girl From Plainville, Macmanus e Liz precisavam de uma atriz jovem, mas experiente e com talento de sobra para carregar todas as nuances da personagem. Eis que surge Elle Fanning, que atua desde os dois anos e foi indicada a dois Globos de Ouro por seu trabalho em The Great. A irmã mais nova de Dakota se transforma fisicamente (a semelhança entre a intérprete e a Michelle da vida real é chocante) e impressiona com uma atuação que vai do sutil à psicopatia com a mesma força.

“Desde o início, Liz, Elle e eu sabíamos que, mais do que receber prêmios ou elogios, a coisa mais importante era que ninguém pensasse que estávamos fazendo sensacionalismo com a história. Tínhamos que encarar esse evento com muita sensibilidade, sabe? Esse era o objetivo. E o tempo todo eu ficava me perguntando: ‘Conseguimos? Fizemos isso?'”, ressalta o criador de The Girl From Plainville.

“Tenho muito orgulho de que as pessoas estejam reconhecendo que conseguimos abordar um assunto complicado como um grupo. Não só Liz e eu, mas todos os roteiristas, o elenco e a equipe, trabalhamos um tema espinhoso de maneira sensível. Liz e eu só tínhamos controle sobre o que estava no papel, depois era Elle quem assumia”, conta Patrick Macmanus.

E o trabalho da atriz não é fácil. Logo no primeiro episódio, ela choca com uma sequência em que sua personagem assiste a uma cena da série Glee (2009-2015) e copia os trejeitos de Rachel Berry (Lea Michele) enquanto canta Make You Feel My Love, de Adele –quem acompanhou a comédia musical saberá exatamente do que se trata.

“Eu não consigo imaginar outra atriz fazendo o papel. Foi muito difícil para Elle. Ela precisava equilibrar vários lados de ser adolescente, as besteiras da idade, as inseguranças que Michelle tinha e seus trejeitos quando falava. Michelle Carter era uma jovem destruída. Eu não sei o que Elle fazia para se preparar todas as noites, mas ela estava exausta no fim das gravações, entregou tudo o que tinha”, elogia o produtor.

The Girl From Plainville estreia neste domingo (10), no Starzplay. O elenco também conta com Chloë Sevigny (Boneca Russa), Colton Ryan (Querido Evan Hansen), Norbert Leo Butz (Bloodline), Aya Cash (The Boys) e Kelly AuCoin (Billions). No total, a série tem oito episódios, com um inédito disponibilizado todos os domingos na plataforma.

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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