Divulgação/Fox
O American Idol completa 20 anos de sua estreia neste sábado (11). Reality mudou a cara das competições musicais, mas não criou ídolos
Em 11 de junho de 2002, há exatos 20 anos, entrava no ar o American Idol. O reality musical levou o formato britânico Pop Idol para os Estados Unidos e o elevou à enésima potência. Programas como The Voice, The Masked Singer e até Ritmo + Flow devem suas existências ao fenômeno norte-americano, que conseguiu transformar os batidos shows de calouros (que Silvio Santos tanto explorou no Brasil nos anos 1980 e 1990) em espetáculos grandiosos. A competição mudou a TV para sempre, mas falhou em sua proposta principal: apresentar os novos ícones da música.
Ao todo, o reality já teve 20 temporadas (a mais recente foi encerrada em maio nos EUA), o que significa que 20 cantores ganharam a competição ao longo de duas décadas. Você sabe listar pelo menos cinco deles? Difícil, né? A Tangerina ajuda. Just Sam, Maddie Poppe, Caleb Johnson, Trent Harmon… Não, não são nomes inventados. São artistas que realmente venceram o American Idol!
E se citarmos Jennifer Hudson, Katharine McPhee, Adam Lambert e Todrick Hall? Pegadinha do Mallandro! Apesar de serem muito mais conhecidos (uma delas venceu o Oscar, e outro foi escolhido a dedo para substituir Freddie Mercury no Queen, afinal), esses quatro não ganharam a competição e foram eliminados pelo caminho.
Primeira campeã, Kelly Clarkson virou uma figura televisiva
Reprodução/Fox
Os dois exemplos de sucesso, que servem de modelo para qualquer calouro que queira se arriscar em realities de música, são Kelly Clarkson e Carrie Underwood, que venceram a primeira e a quarta edições, respectivamente. Kelly atualmente comanda um divertido talk show, e Carrie faz residência em um cassino em Las Vegas. São bem conhecidas, sem dúvida, mas também não chegam a ser ícones atemporais como Madonna ou Elton John.
Surge, então, o questionamento: se o próprio público é quem vota em seus artistas favoritos no American Idol, por que os campeões não conseguem o apoio desses mesmos espectadores em suas carreiras pós-reality?
Não há uma resposta simples. Alguns vencedores simplesmente não tinham perfil ou vontade de seguir carreira no pop e se dedicaram a gêneros mais nichados, como o country (Scotty McCreery) ou o gospel (Ruben Studdard). Outros aproveitaram a experiência televisiva e se atiraram na Broadway, a meca do teatro em Nova York (casos de Fantasia Barrino, Jordin Sparks e David Cook).
Carrie Underwood é o maior exemplo de sucesso do reality, com oito Grammys
Reprodução/Fox
Há ainda situações como a de Phillip Phillips, campeão da temporada 2012 do American Idol. Ele teve um início promissor e chegou a se apresentar no Palco Mundo do Rock in Rio 2013 –um feito reservado para artistas com carreiras muito mais longas. O dono do hit Home parecia pronto para seguir os passos de Kelly e Carrie, ou mesmo de superá-las.
Em 2015, porém, Phillips foi forçado a pausar tudo depois de um desentendimento com a produtora do reality, a 19 Entertainment. Ele processou a empresa, alegando que o ambiente de trabalho era opressivo e que não conseguia tomar decisões sobre a própria carreira. Simon Fuller retribuiu com uma ação contra o artista, e as partes só se entenderam em 2017, quando a empolgação dos fãs do cantor já havia diminuído bastante.
Atualmente, o American Idol é exibido pela rede ABC, mas nem de longe repete as audiências que conseguia quando fazia parte da programação da Fox. Sem calouros expressivos, o reality chama mais a atenção por causa das estripulias da jurada Katy Perry, que leva tombo, beija candidatos e faz caras e bocas sempre que possível.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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