NO PALCO

Lea Michele em Glee

Reprodução/Fox

RAMIN KARINLOO

Par de Lea Michele no teatro nunca viu Glee: ‘Nem sabia quem ela era’

Indicado ao Tony de melhor ator e um dos principais astros da Broadway, Ramin Karimloo divide o palco com a estrela no musical Funny Girl

Luciano Guaraldo

Lea Michele voltou para a Broadway depois de 14 anos na noite de terça-feira (6), quando assumiu o papel da comediante Fanny Brice (1891-1951) no musical Funny Girl. A plateia estava lotada de famosos e de fãs de Glee (2009-2015), série que transformou a atriz em estrela. Mas seu par romântico no palco admitiu que não acompanhou a série e que sequer conhecia sua colega.

“Eu não sei nada de Glee. Não sabia quem Lea Michele era até ela ser escalada”, disse Ramin Karimloo, que interpreta o vigarista Nicky Arnstein (1879-1965) no espetáculo. “Mas ouvi-la cantar pela primeira vez foi extraordinário. E ela quis mergulhar no romance, que é uma estratégia muito eficaz”, resumiu ele para a Variety antes da estreia.

O ator iraniano de 43 anos, indicado ao Tony por sua atuação em Les Misérables e que também participou de fenômenos como O Fantasma da Ópera, Evita, Anastasia e Jesus Cristo Superstar, reconheceu ainda que não entendia a importância de Funny Girl para o entretenimento.

“Eu estou compreendendo agora, porque não cresci com Funny Girl, que esse musical inspirou muita gente, e que essa montagem é algo que as pessoas esperavam há muito tempo”, disse ele, que adiantou que o público vai ficar em choque com a performance de Lea Michele para Don’t Rain on My Parade –uma música que virou um dos hinos de Glee. “O jeito que ela canta me faz dançar.”

A escalação de Lea para Funny Girl tem um gostinho especial para os fãs da série musical. Sua personagem, Rachel Berry, sonhava em estrelar uma nova montagem do espetáculo que marcou a carreira de Barbra Streisand. Ao longo das seis temporadas, ela cantou vários sucessos da peça –inclusive a já citada Don’t Rain on My Parade.

Lea se juntou ao elenco do espetáculo no lugar de Beanie Feldstein, que foi muito criticada por sua escalação e deixou a produção dois meses antes do esperado. Críticos chamaram sua atuação de “o grande vexame da temporada”. Sua expectativa de ganhar um Tony caiu por terra quando ela sequer conseguiu uma indicação ao prêmio.

Mas o retorno da atriz aos palcos também foi alvo de críticas. Samantha Ware, que veio a público em 2020 para fazer denúncias de racismo contra Lea Michele nos bastidores de Glee, não se calou diante da escolha da ex-colega para Funny Girl. “A Broadway defende a brancura”, disparou.

“Sim, estou online hoje. Sim, eu vejo vocês. Sim, eu me importo. Sim, estou afetada. Sim, sou humana. Sim, sou preta. Sim, fui abusada. Sim, meus sonhos foram arruinados. Sim, a Broadway defende a brancura. Sim, Hollywood faz o mesmo. Sim, o silêncio te torna cúmplice. Sim, eu falarei alto. Sim, eu faria tudo de novo”, escreveu Samantha.

Dias antes de assumir o protagonismo de Funny Girl, Lea Michele pediu desculpa por seu comportamento tóxico nos bastidores da série. Em entrevista ao jornal The New York Times, ela explicou que as acusações de 2020 a fizeram “refletir muito” sobre seu comportamento no set de Glee. Segundo a atriz, sua atitude era fruto de um início prematuro de carreira na Broadway que a tinha colocado em um “estado semirrobótico”.

“Eu tenho um limite para mim. Eu trabalho muito duro. Não deixo margem para erros. Esse nível de perfeccionismo, ou essa pressão pelo perfeccionismo, me deixou com muitos pontos cegos”, tentou justificar a atriz de 36 anos.

Para o público que foi conferir o espetáculo ao vivo, as acusações de racismo pouco importaram: ingressos para a performance de terça chegaram a ser vendidos por US$ 2.350 (R$ 12,3 mil), e Lea Michele recebeu seis sessões de aplauso de pé da plateia ao longo da noite.

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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