FILMES E SÉRIES

Letitia Wright e Chris Hemsworth

Divulgação/Marvel Studios

ANÁLISE

De Thor a Pantera Negra: Acertos e decepções da Marvel em 2022

Em ano movimentado, estúdio de super-heróis lançou três filmes e três séries neste ano; confira o saldo final de cada um

André Zuliani

Principal franquia da atualidade, o MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) teve um 2022 movimentado. Com grandes estreias no cinema e no streaming, o estúdio mais uma vez dominou as discussões nas redes sociais com títulos aguardados como Pantera Negra: Wakanda para Sempre (2022) e Thor: Amor e Trovão (2022).

No aspecto financeiro, o Marvel Studios não tem muito do que reclamar. Os três filmes lançados neste ano figuram na lista dos 10 que mais arrecadaram na bilheteria mundial —Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura (2022) ficou em terceiro, com US$ 955 milhões (R$ 5 bilhões). Pantera Negra 2 e Thor 4 fizeram, juntos, mais de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,9 bilhões) –e a saga de Wakanda segue em cartaz!

No streaming, os lançamentos de Cavaleiro da Lua, Ms. Marvel e Mulher-Hulk não apenas expandiram o Universo Marvel como asseguraram que as produções do estúdio movimentassem a cultura pop muito mais do que seus concorrentes. Contudo, isso não significa que todos estes títulos passaram imunes pelas críticas e pelos comentários negativos de parte do público.

Antes que se analise o resultado final de cada título, é preciso levar em conta o atual cenário do audiovisual. Embora as séries da Marvel no streaming não sofram com aspectos externos, a pandemia de Covid-19 ainda afetou o desempenho de alguns títulos no cinema. A situação é melhor do que a vista em 2020 e 2021, mas ainda não é possível afirmar se algum dia a indústria voltará a obter os mesmos números de antes da crise sanitária –salvo exceções como o fenômeno Top Gun: Maverick (2022), que teve a maior bilheteria deste ano.

Abaixo, a Tangerina analisa o desempenho do Marvel Studios em 2022:

Oscar Isaac em cena de Cavaleiro da Lua

Oscar Isaac como Cavaleiro da Lua

Divulgação/Disney+

Cavaleiro da Lua (decepção)

Um dos títulos mais aguardados do MCU, Cavaleiro da Lua estreou em março deste ano, mas muitos sequer lembram que isso aconteceu. A série estrelada por Oscar Isaac chamou a atenção no início de sua jornada, mas foi perdendo espaço aos poucos e colecionando críticas.

A história de origem de Marc Spector (Isaac) rendeu bons momentos de ação e comédia, principalmente naqueles envolvendo a relação do herói com a entidade egípcia Khonshu (F. Murray Abraham). Ao longo dos seis episódios do primeiro ano, no entanto, a série diminuiu o ritmo e teve um encerramento de temporada decepcionante.

Nem mesmo as performances de Isaac e Ethan Hawke, que interpretou o vilão Arthur Harrow, foram o bastante para fazer da série um dos pontos fortes de 2022. Sem uma segunda temporada encomendada pelo Disney+, ainda não é certo que o Cavaleiro da Lua retornará em sua série solo –ou mesmo em outros projetos da Marvel.

Iman Vellani em cena de Ms. Marvel

Iman Vellani como Ms. Marvel

Divulgação/Disney+

Ms. Marvel (acerto)

Segunda série da Marvel a estrear no Disney+ neste ano, Ms. Marvel introduziu a heroína Kamala Khan (Iman Vellani), uma das principais personagens dos quadrinhos da editora nos últimos anos. Sua estreia no MCU era aguardada por muitos fãs e trouxe um frescor necessário para as produções do estúdio.

Com temática teen e sem a necessidade de fazer amarras com outras produções, Ms. Marvel teve aprovação dos críticos e do público. Mesmo que tenha alguns tropeços durante a jornada de seis episódios, a produção recuperou parte da atenção que havia se deteriorado com a desequilibrada Cavaleiro da Lua.

Como Iman Vellani está confirmada para retornar como Ms. Marvel no vindouro filme The Marvels, ao lado de Brie Larson (Capitã Marvel) e Teyonah Parris (Monica Rambeau), a personagem tem presença assegurada no futuro do MCU. Resta saber se o estúdio vai anunciar a renovação da série solo para uma segunda temporada.

Benedict Cumberbatch em cena de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, da Marvel

Benedict Cumberbatch em cena de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Divulgação/Marvel Studios

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (passa de ano)

Primeiro filme da Marvel a estrear nos cinemas em 2022, Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura superou a bilheteria de seu antecessor em quase US$ 300 milhões, mas não escapou do veneno ácido das redes sociais. O longa dividiu opiniões e se tornou vítima do próprio hype, já que os fãs do MCU esperavam (muito) mais surpresas do que o filme realmente entregou.

Mesmo com participações especiais de Sr. Fantástico (John Krasinski), Raio Negro (Anson Mount) e Charles Xavier (Patrick Stewart), Doutor Estranho 2 sofreu com o roteiro irregular e várias soluções convenientes para chegar ao clímax necessário. Nem mesmo a ótima atuação de Elizabeth Olsen, que assumiu o papel de vilã como a Feiticeira Escarlate, foi capaz de tornar o longa uma unanimidade.

Entre os pontos positivos estão o maior espaço para Wong (Benedict Wong, novo queridinho dos fãs) e a introdução de Charlize Theron como Clea, novo interesse amoroso de Stephen Strange (Benedict Cumberbatch). O trio está confirmado para retornar naquela que será a terceira aventura solo do Doutor Estranho.

Thor: Amor e Trovão - Natalie Portman e Chris Hemsworth

Natalie Portman e Chris Hemsworth em Thor: Amor e Trovão

Divulgação

Thor: Amor e Trovão (decepção)

Outro título muito aguardado para este ano, Thor: Amor e Trovão também sofreu com o hype criado antes de sua estreia. Após o sucesso de Thor: Ragnarok (2017) e a “ressurreição” do personagem pelas mãos do diretor Taika Waititi, a franquia liderada por Chris Hemsworth parecia estar de volta nos trilhos e no caminho rumo ao ápice.

Para aumentar ainda mais as expectativas dos fãs, Waititi resgatou Natalie Portman como Jane Foster quase 10 anos depois de sua última aparição no MCU. Desta vez, ela viria não apenas como interesse amoroso de Hemsworth, mas para se unir ao herói em batalha como a Poderosa Thor.

A escolha de Christian Bale para viver o vilão Gorr, o Carniceiro dos Deuses também colocou a esperança do público nas alturas. Nomes como Russell Crowe, Tessa Thompson e outras participações também fizeram de Thor 4 um dos filmes mais aguardados de toda a história do Universo Marvel.

O resultado, no entanto, ficou aquém do esperado. Em números, Amor e Trovão não fez feio, mas acabou arrecadando menos do que Ragnarok, que finalizou sua janela nos cinemas com bilheteria de US$ 853 milhões (R$ 4,5 bilhões).

A recepção do filme também acabou sendo mista. Apesar de o humor característico dos filmes de Waititi estar presente na produção, os arcos de Thor Odinson e Jane Foster acabaram reduzidos e com muitas resoluções convenientes, que decepcionaram parte dos fãs. Nem mesmo a ótima participação de Bale como Gorr rendeu o resultado esperado –já que a adaptação da história do vilão, um dos mais sombrios e violentos dos quadrinhos, ficou bem longe da vista nas HQs.

Tatiana Maslany em cena de Mulher-Hulk

Tatiana Maslany em cena de Mulher-Hulk

Divulgação/Disney+

Mulher-Hulk (acerto)

Última série da Marvel a estrear no Disney+ em 2022, Mulher-Hulk é considerada por muitos um dos grandes acertos do estúdio desde o início da expansão do MCU para o streaming. Com Tatiana Maslany (Orphan Black) no papel principal, a atração que mistura comédia com drama legal soou como um refresco para um universo que andava engessado.

Com foco voltado para o humor em vez da ação, Mulher-Hulk conquistou público e imprensa sem precisar fazer grandes espetáculos computadorizados –com exceção, claro, do CGI de sua heroína. Personagens já conhecidos retornaram em participações mais do que especiais, principalmente Wong e a tão aguardada volta de Charlie Cox como Matt Murdock/Demolidor.

Sem medo de ser cafona e irônica, a atração por muitas vezes ironizou o patriarcado e o próprio Marvel Studios, com piadas sobrando até para o todo poderoso do MCU, Kevin Feige. Ao lado de WandaVision e Loki, Mulher-Hulk definitivamente é uma das principais séries da Marvel até agora.

Foto de Pantera Negra: Wakanda para Sempre

Shuri (Letitia Wright) em Pantera Negra: Wakanda para Sempre

Divulgação/Marvel Studios

Pantera Negra: Wakanda para Sempre (acerto)

Título que encerrou a trajetória da Marvel neste ano, Pantera Negra: Wakanda para Sempre talvez fosse o filme mais aguardado pelos fãs desde Vingadores: Ultimato (2019). Além de trazer de volta o reino de Wakanda, que tinha encantado milhões, o longa revelou quem assumiu o manto do herói após a morte de Chadwick Boseman (1976-2020) e como o MCU lidaria com a ausência de T’Challa.

Para muitos, Wakanda para Sempre teve o equilíbrio necessário entre homenagem e desenvolvimento. Apesar da perda de Boseman, o Universo Marvel precisava continuar, e o estúdio viu em Shuri (Letitia Wright) a personagem certa para continuar carregando o legado de Pantera Negra.

Apesar de alguns tropeços, o longa teve em Namor (Tenoch Huerta) um dos melhores vilões entre todos os apresentados no MCU. A guerra entre Wakanda e Talocan encheu os olhos do público e fez de Pantera Negra: Wakanda para Sempre um ótimo encerramento para a Fase 4 do estúdio.

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QUEM FEZ

André Zuliani

Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.

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