FILMES E SÉRIES

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, da Marvel

Divulgação/Sony Pictures

ANÁLISE

Projetos confusos e bastidores problemáticos: A Marvel está perdida?

Com excesso de filmes e séries, diretores pulando fora do barco e tramas que não se conectam, Kevin Feige aliena os fãs do MCU

Luciano Guaraldo

Só na última semana, a Marvel passou por dois grandes baques na criação de sua trama de histórias: Bassam Tariq abandonou a direção de Blade, e Armor Wars deixou de ser série para se transformar em um filme. Alterações de percurso sempre podem ocorrer quando uma produtora anuncia seus projetos com anos de antecedência, é claro, mas no caso da gigante dos quadrinhos elas parecem um sintoma de algo maior: Kevin Feige e sua turma perderam o controle da própria criação?

Ninguém dúvida de que o feito de Feige à frente da Marvel é inigualável. O produtor construiu um universo cinematográfico como nunca antes visto, e já arrecadou mais de US$ 27 bilhões (R$ 145 bilhões) somente nos cinemas desde o lançamento de Homem de Ferro (2008). Porém, após a estreia arrasadora de Vingadores: Ultimato (2019), que encerrou a Saga do Infinito, algo mudou.

Antes tão esperadas pelos fãs e intimamente relacionadas ao próximo filme, as cenas pós-créditos agora apontam para um futuro que ninguém sabe quando chegará. Em Shang-Chi (2021), Xialing (Meng’er Zhang) se tornou a nova cabeça dos Dez Anéis. Como essa história vai ser desenvolvida? Não sabemos. A opção óbvia seria Shang-Chi 2, ainda sem previsão de estreia, mas também circulam boatos de que a irmã do herói vivido por Simu Liu ganharia uma série própria.

Eternos (2021) fez os fãs pirarem ao revelar que Harry Styles se juntou ao MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) como Eros. Quando o personagem vai voltar? Nem o próprio cantor sabe, já que ele afirmou que pretende se dedicar à música nos próximos anos depois de atuar em Não se Preocupe, Querida e My Policeman. O longa de Chloé Zhao ainda apresentou Blade (Mahershala Ali), ou pelo menos a voz dele. Esse sim sabemos quando volta: em seu próprio filme, que tinha lançamento previsto para 3 de novembro do ano que vem –mas, com a saída do diretor Bassam Tariq, essa data pode mudar.

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (2021) trouxe Venom (Tom Hardy) para o MCU –ou uma versão do simbionte, por assim dizer. Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022) marcou a primeira aparição de Clea (Charlize Theron), e Thor: Amor e Trovão (2022) contou com a introdução de Hércules (Brett Goldstein). Onde esses personagens vão aparecer agora? Não fazemos a menor ideia.

As tramas de cada filme estão tão desconectadas que nem mesmo a revelação de que as Fases 4 a 6 do MCU vão compor a Saga do Multiverso trouxe muita clareza sobre os próximos passos da empresa. Sim, já entendemos que Kang (Jonathan Majors) deve ser o grande vilão da história, mas quem integrará a equipe dos Vingadores que vai enfrentá-lo? E, caso ele seja derrotado em A Dinastia Kang, com quem os heróis vão lutar em Guerras Secretas?

Um mocinho só pode ser tão bom quanto seu antagonista, e Thanos (Josh Brolin) foi um adversário formidável para os Vingadores porque teve seu arco construído ao longo dos anos, com motivações claras desde o início. Kang, ou a sua variante que apareceu na primeira temporada de Loki, pareceu mais um fanfarrão do que um vilão de fato. Seu retorno em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania precisa estabelecer com urgência quem ele é, o que ele quer e por que deveríamos temê-lo.

Tudo ao mesmo tempo agora

Outro problema da Marvel atualmente? A quantidade de projetos. Entre 2021 e 2022, a empresa terá lançado sete filmes, oito séries e duas apresentações especiais. Na Fase 5, que vai durar apenas um ano e meio, serão pelo menos mais seis filmes e sete séries. É impossível para Kevin Feige controlar tanta coisa de tão perto como fazia antes: só para efeito de comparação, a Fase 1 durou quatro anos e teve só seis longas.

O “sumiço” de Feige, inclusive, já causaria problemas nos bastidores. De acordo com o jornalista Jeff Sneider, do Below the Line, Mahershala Ali estaria frustrado com a falta de atenção do produtor ao desenvolvimento de Blade. E, se um ator com dois Oscars na prateleira sair descontente de sua experiência na Marvel, ele pode atrapalhar a entrada de outros intérpretes renomados.

A notícia ruim (para o público) é que, independentemente de toda a confusão nos bastidores, o MCU vai continuar arrastando multidões para o cinema. Mas, a cada novo projeto abaixo do esperado, uma parcela do público é alienada e deixa de fazer questão de esgotar as sessões para o próximo lançamento. Afinal, não há motivo para fugir dos spoilers de uma cena pós-créditos se ela não terá influência alguma no filme que está por vir. Dá para esperar alguns meses e assistir ao filme no Disney+, não é mesmo?

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QUEM FEZ

Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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